PlayStation, frequentemente chamado de PlayStation 1, é um console de video game fabricado pela empresa Sony, lançado em 3 de dezembro de 1994 no Japão e em 9 de setembro de 1995 nos Estados Unidos. Desde o seu lançamento até 2006 (quando sua produção fora extinta), o PlayStation vendeu mais de 100 milhões de unidades, superado pelo seu sucessor, o PlayStation 2, com 150 milhões de unidades comercializadas.
ELE...
Pouco mais de um ano depois do início da quinta geração de vídeo games, a indústria ainda não sabia ao certo que rumos os consoles tomariam. A 3DO Company apostara suas fichas em um modelo de negócios que levou a indústria à falência em 1983: não deu certo. Buscando reconquistar seu prestígio, a SEGA prometera revolucionar com o Saturn e trazer para o conforto das salas dos consumidores a experiência dos arcades: ports perfeitos dos jogos e um hardware poderosíssimo. Sua ansiedade, no entanto, fez com que a empresa tropeçasse nos próprios cadarços. Era tudo novo, mas o que se via era mais do mesmo, mas com uma roupagem diferente. Será que ninguém chacoalharia essa geração?
A indústria dos vídeo games vivia um momento de glamour pós-crise de 1983. Vários foram os casos de sucesso: NES, Master System, Mega Drive e Super Nintendo. Apesar do domínio das duas gigantes japonesas – Nintendo e SEGA – o cenário nunca fora tão favorável para o surgimento de novas empresas (e para aquelas que tentavam reaver sua glória também). Enquanto a 3DO Company surgia com o seu 3DO, Atari e Commodore ressurgiram, respectivamente, com o Jaguar e o Amiga CD32. A Nintendo, por sua vez, trabalhava caladinha na sua nova plataforma, conhecida apenas por “Project Reality”.
O Super Nintendo reinava absoluto à época e, como todo bom rei, estava cercado de especulações e boatos. A principal especulação girava em torno do periférico SNES-CD, anunciado em parceria com a gigante Sony que, por divergências contratuais, foi substítuida pela Phillips na CES de 1991 sem nenhum aviso prévio. Com o periférico em estágio avançado de desenvolvimento, a Sony se sentiu traída e não abandonaria a ideia tão fácil. A ferida fora feita e agora sangrava.
A Nintendo começou a trabalhar no Famicom Disk System e no seu disco magnético. O que era uma ideia promissora, no entanto, rapidamente revelou-se um problema: os discos utilizados eram regraváveis e facilmente apagados. Além da baixa durabilidade do disco, ele não possuia nenhum sistema anti-cópia e favorecia à pirataria. De alto risco, o projeto permaneceu engavetado até a revelação das especificações do CDROM/XA.
Desenvolvido simultaneamente por Sony e Phillips, o CDROM/XA era uma extensão do formato CD-ROM que combina compressão de áudio, vídeo e dados, permitindo que eles sejam acessados simultaneamente. Além disso, a extensão possuia sistema anti-cópia e não possibilitava a leitura do disco por drives de CD-ROM comuns. A ideia era perfeita e a Nintendo se interessara. Nesse meio tempo, enquanto a Big N se aproximava e negociava com a Sony, o Super Nintendo foi lançado. Popular e altamente rentável, o console era a “cobaia” perfeita para que a Sony desenvolvesse um periférico que permitisse o console rodar jogos em CD. O contrato fora assinado e o SNES-CD estava em gestação.
Maio de 1991, era hora de anunciar o periférico que revolucionaria o já fantástico Super Nintendo. No entanto, poucos dias antes da Consumer Electronics Show daquele ano,Hiroshi Yamauchi leu o contrato original estabelecido pelas duas grandes empresas ainda em 1988 e descobriu que o acordo inicial dava plenos poderes à Sony, podendo ela explorar todo e qualquer título produzido no formato SNES CD-ROM. “Inaceitável”, foi essa a palavra utilizada por Yamauchi, que secretamente cancelou todos os planos da parceria Sony-Nintendo. Às 9 horas da manhã do dia da CES 1991, Howard Lincoln, então presidente da Nintendo, subiu ao palco e anunciou que quem produziria o novo periférico seria a Phillips.
Posteriormente, soube-se que Howard Lincoln e Minoru Arakawa, fundador e presidente da Nintendo of America à época, deram uma “escapadinha” até a sede da Phillips na Europa e fecharam uma aliança que, ao contrário do que ocorreria com o contrato firmado com a Sony, mantinha todos os poderes nas mãos da Nintendo.
Já era suficiente, a onça fora catucada com vara curta.
A Sony chegara muito longe para simplesmente desistir. O projeto estava em estágio avançado de desenvolvimento e Ken Kutagari – considerado o pai do PlayStation - decidira que “’mais um pouco’ de investimento” seria suficiente para transformar o periférico em um console de mesa. As polêmicas, no entanto, não cessaram e continuaram perseguindo a Sony. Dessa vez o “bafafá” girava em torno do nome do futuro vídeo game, que se chamaria “Play Station” – marca patenteada pela Nintendo para dar nome ao periférico.
Depois de vários confrontos em tribunais, em 1993 decidiu-se que “Play Station” continuaria sendo uma marca utilizada pela Nintendo para um futuro periférico, mas que “PlayStation” seria a marca de uma nova geração de hardware e de software da Sony. Com a eliminação entre o espaço entre as letras “Y” e “S”, o projeto teve início, a Nintendo perdeu interesse pelo desenvolvimento de um periférico e, finalmente, parou de encrencar com a antiga aliada.
Fechando um acordo com a LSI para desenvolver novos chips exclusivos para o console, a Sony conseguiu fazer a concorrência tremer antes mesmo do lançamento do seu console. Uma coisa é curiosa aqui: ninguém, simplesmente ninguém, sabia as especificações do console antes do lançamento. Tudo o que se sabia era que ele seria baseado em CDs e especializado em gráficos poligonais 3D. Como ele iria parecer, como seria feito ou quanto custaria, ninguém tinha a mínima ideia. A única certeza da concorrência era o medo. E com razão.
Lançado em 3 de dezembro de 1994 no Japão, o PlayStation foi sucesso instantâneo, alcançado mais de 1 milhão de unidades vendidas no verão japonês de 1995. Grande parte desse sucesso se deu ao grande apoio recebido pelas third-parties, que não pouparam esforços em converter seus principais títulos de arcades para a plataforma. Ao contrário do que muitos pensavam, a arquitetura do PlayStation era bastante simples e isso facilitou o desenvolvimento para ele – e conquistou TODAS as empresas. Diferente da SEGA, que praticamente tinha que pedir para as empresas desenvolverem para o Saturn, a Sony tinha que freá-las.
Em terras norte-americanas o PlayStation chegou em 15 de novembro de 1995 custando U$299 – preço muito inferior ao da concorrência. Só o preço já incentivava o consumidor a adquiri-lo, mas foi a grande variedade de títulos disponíveis já no lançamento que fez com que o console alcançasse a incrível marca de 100 mil unidades vendidas no seu primeiro fim de semana de vida.Não demorou e já em 1996 o console liderava isolado a indústria. Àquela época o console já era suportado por todas (você não leu errado, eu disse TODAS) as produtoras do planeta, sendo algumas delas em contrato de exclusividade. A mais importante, e maior exemplo, desse regime de exclusividade foi a Square, que abandonou a plataforma da Nintendo devido aos altos custos envolvidos na produção de cartuchos. Com o lançamento de Final Fantasy VII, a empresa criou um divisor que separava a “era PlayStation” em antes e depois de FFVII.
O joystick do PlayStation tem o design inspirado no SNES. O gamepad acrescentava mais dois botões aos superiores L e R, ficando assim L1/L2 R1/R2.
Em 1996 a Sony lançou um novo joystick que viria a se tornar padrão: o DualShock, que introduzia duas mini-alavancas analógicas além de um sistema de rumble onde o controle treme em resposta aos jogos. Com o controle de movimentos nos analógicos, o direcional digital ficou aberto para exercer mais funções nos jogos.
Em setembro de 2007 o PlayStation já contava com mais de 7900 jogos lançados em todo mundo e em março daquele ano o console contabilizava a incrível marca de 962 milhões de jogos vendidos. De longe o PlayStation já era o console mais popular de todos os tempos!
Apesar dos consoles da concorrência também utilizarem CDs como mídia para armazenar os jogos, foi no PlayStation que o pequeno disco se popularizou. Então, qual a diferença entre os CDs do PlayStation e os CDs utilizados, por exemplo no Saturn? A resposta é: nenhuma. O grande diferencial do PlayStation não foi o CD, mas sim a arquitetura simplificada – e barata – do sistema que permitia os desenvolvedores fazer mais com menos.
Com apenas um processador matemático rodando a 33,8MHz e um processador gráfico capaz de lidar tanto com texturas 2D, quanto com polígonos 3D, programar para o PlayStation era tão simples que uma versão do console que permitia o jogador programar seu próprio jogo foi lançada, o Net Yaroze.
Especificações técnicas | |||||||||||||||||
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CPU | GPU | ||||||||||||||||
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Áudio | Mídia | ||||||||||||||||
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Data Engine (MDEC)
3D Geometry Engine Calculadora de matriz de alta velocidade
Memória
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Devido a essa simplicidade, as third-parties podiam focar seus esforços financeiros em produzir jogos de maior qualidade ao invés de reinventar a roda, tal qual faziam desenvolvendo para o Saturn.
O resultado desses fatores já é conhecido por todos: os jogos do PlayStation encantavam e surpreendiam pelo realismo na época. Battle Arena Toshinden,Doom, Warhawk, Air Combat, Philosoma e Ridge Racer tiravam o fôlego dos consumidores no lançamento do console e ganharam várias sequências tamanho o sucesso.
Muitas das franquias que vemos na geração atual fazendo sucesso – ou um dia já fizeram -, surgiram no PlayStation: Gran Turismo, Resident Evil, Winning Eleven,Parasite Eve, Tomb Raider, Medal of Honor e Silent Hill são algumas delas.
Isso sem contar com os excelentes Final Fantasy VII, Final Fantasy VIII, Tekken,The Need For Speed, Driver, Fear Effect, Castlevania: Symphony of the Night,Metal Gear Solid, Chrono Cross, Crash Bandicoot, Tony Hawk’s Pro Skater eSyphon Filter que marcaram a adolescência e infância de muito marmanjo, além de render uma boa grana às locadoras e principalmente aos piratas. Sim, os piratas.
Assim como o suposto futuro periférico do SNES, o PlayStation utilizava o formato CD-ROM/XA como uma forma de conter o avanço da pirataria na plataforma. Quando do seu lançamento, esse formato realmente era interessante e funcionava, até o surgimento dos leitores e gravadores capazes de ler CD-ROM/XA e, pior ainda, dos chips que burlavam todo o sistema de segurança do console.
Simplificando a explicação técnica dos acontecimentos, basicamente o CD-ROM/XA possuía a indicação da região do jogo prensada diretamente na mídia. Essa “marca” era lida pelo console antes do jogo ser inicializado e caso correspondesse à região do console, o jogo iniciava. Além disso, o formato XA só era lido por leitores específicos e pouquíssimos leitores de CD-ROM eram capazes de identificar o formato – imagine então gravá-lo.
Em meados de 1996, no entanto, houve a explosão dos gravadores de CD, que em pouco tempo se tornaram popular. E sim, você está certo: esses gravadores não só eram capazes de ler o formato XA, como também de gravá-lo. Apesar de conseguir copiar os jogos, os piratas não eram capazes de prensar a marca da região do jogo na mídia – processo realizado exclusivamente nas produtoras. E foi dessa necessidade que surgiram os tão talvez odiados modchips.
Apesar de fazerem parte da cultura de muitos países em que os jogos custavam absurdos, foi no console da Sony que esse tipo de circuito ganhou força e se tornou popular. Seu papel, basicamente, era “injetar” as informações de região do jogo na BIOS do console para que o jogo gravado em um CD-R comum fosse executado.
Há controversias sobre os “benefícios” e os “malefícios” trazidos pelos modchips. É tanto que a Sony evitou o mercado brasileiro por saber que não teria “forças” para combater o mercado paralelo. Curiosamente foi aqui um dos países em que o console mais vendeu.
Apesar de tais acontecimentos, a Sony se manteve firme e o console continuou vendendo feito água. A plataforma passou a receber suporte não só das softhouses, mas também das produtoras de hardware que disponibilizavam para os consumidores todo tipo imaginável (e inimaginável) de acessório. Em 2000, quando foi lançado o sucessor do PlayStation, a Sony também trouxe para os fãs uma versão redesenhada do console, o PSOne. Ao contrário do que muitos pensaram à época, o console revisto continuou conquistando novos consumidores.
Até seu descontinuamento - em março de 2006 –, o PlayStation havia vendido mais de 102 milhões de unidades por todo o mundo, se tornando o console mais vendido de todos os tempos! Nascido de uma traição, o primogêntio da Sony rapidamente se tornou um monstro capaz de derrubar qualquer concorrente que aparecesse pelo caminho. O 3DO não resistiu e rapidamente ficou para trás. As complicações para desenvolver para Saturn e o custo do console fizeram ele perder a liderança rapidamente. A harmonia perfeita entre marketing agressivo, ótimo hardware e uma biblioteca de jogos vasta e de qualidade fez com que a Sony entrasse, de uma vez por todas, para o hall de casos bem sucedidos da história (talvez o mais) com o seu primeiro console.
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